Nos gloriosos e misteriosos anos oitenta apareceu em Vitória a figura da Vovó Volúpia, uma coluna sobre cultura pop, talvez a primeira daqui a ser publicada em um jornal de circulação diária. A autora era Fernanda Magalhães, que – como sugere o nome de seu espaço - exibia um estilo todo próprio e bem humorado para veicular suas notícias, a Vovó Volúpia era uma delícia. Com a morte trágica de nossa mãe - o Magalhães vem de nossa ligação cartorial - a escritora não só abandonou as letras, mas também a fortificada ilhota dos irmãos “roça de milho” e foi apaulistanizar a vida. Ganhei eu um posto de observação avançado dentro da maior megalópole cultural latina, porém a nação botocuda saiu perdendo e ainda faz de conta que não sente a sua falta.
Fico besta com o descaso que tratamos nossos potenciais escritores e poetas, a grande maioria aqui hoje dá a notícia, mas não filosofa os fatos, fosse assim teria necessariamente que criticar o Status Quo – não confunda com a banda britânica de hard rock anos 60 – e comprar uma briga contra gente poderosa que não aceita, e muito menos, perdoa críticas. Uma aluna me contou, por exemplo, do falecimento do poeta Miguel Marvilla, agora no último dia 10 de outubro... Não me lembro de ter visto nada na imprensa local – falo especialmente da Internet, porque não leio mais os jornais de papel – lembro do livro “Os Mortos Estão No Living” que Miguel publicou em 1988 com sucesso – hoje em sua terceira edição - e que foi adotado nos vestibulares em 2007 e 2009. Em seu blog que tem o mesmo nome de seu livro mais famoso, o autor se apresenta assim:
“Poeta usado, safra 1959, ainda em razoável estado de conservação. Proprietário de quase nada, a não ser uma penca de cedês, devedês e livros, todos lidos, vistos, ouvidos, não necessariamente nessa ordem, e de uma alma ampla e arejada, com vista apenas para coisas boas. Mestre em História Antiga pela Ufes, por puro prazer. Autor de um bocado de livros de poesia: “Dédalo”, “Sonetos da despaixão”, “Tanto amar”, “Lição de labirinto”, por exemplo. Não se culpe por não conhecê-los: foram publicados quando vc ainda era criança — se bem que Shakespeare foi publicado bem antes e vc conhece... “Os mortos estão no living”, é meu único, até agora, livro de contos e foi adotado pela Ufes para os vestibulares de 2007-2009, razão por que estamos aqui, você e eu. Em 2007, publiquei “O Império Romano e o Reino dos Céus” — a criação da imagem sagrada do imperador em “De laudibus Constantini”, de Eusébio de Cesaréia (século IV d.C.), em que discuto a formação da “basileia” em termos cristãos (parece grego? É grego — o inglês do século IV). Para 2008, “Beleléu e adjacências” (romance), "Estranhos companheiros" (poesia) e “Zoo-ilógico”, poesia para crianças (inclusive as que já cresceram).”
Recomendo conhecer o blog deste nosso poeta, antes que nos esqueçamos de sua presença, ora, se tantas vezes esquecemos de nós mesmos! http://mortosnoliving.blogspot.com/
Mas voltando a falar da Vovó Volúpia quero compartilhar com vocês uma historinha lisboeta que ela me mandou, estudiosa e admiradora que é das prosopopéias do colonizador lusitano, esse ser paracoisado que nos antecedeu e que até hoje nos permeia... Boa leitura. Volta Vovó Volúpia! Cria um blog pra você!
Gentemmm,
Acontece cada história em Portugal! O relato da reportagem tá meio confuso, mas a história toda é inacreditável! Mário Gomes, coitado, fez escola. Beijos! (aqui a Vovó faz referência a um fato escabroso dos anos oitenta quando o ator deu entrada em um pronto-socorro do Rio com uma cenoura entalada... Bem, lá onde vocês estão aí pensando com suas mentes poluídas. Conta a lenda que o incidente teria se originado na vingança de um marido traído que contratou uns capangas para colocar o cara nessa situação, a intenção era humilhar publicamente seu desafeto e deu certo pra chuchu, ou melhor, pra cenoura).
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Covilhã: Pastor sodomizado por patrões relata 48 horas de sofrimento
“Abusaram de mim porque sabia demais”
"Nunca assediei a patroa. Fui despedido e eles abusaram de mim porque sabia demais sobre ela." É desta forma que Luís Pereira, o pastor de 56 anos sodomizado com uma cenoura pelos patrões, começa o relato das piores 48 horas da sua vida. Nu e ensanguentado, dormiu em palheiros e, sem se aperceber, fez quase 100 quilómetros a pé.
'Fui despedido pela Olga a 12 de Maio, terça-feira. Na quinta-feira o Tó [patrão] ligou-me a pedir para regressar. No sábado apanhei o comboio de Lisboa e, pelas 19h00, estava em Castelo Branco, onde o Tó me esperava. Como era noite, nem me apercebi que não estávamos a ir para Rebelhos [Sabugal]. A dada altura parou para urinar. Quando voltou abriu a porta do meu lado e deu-me dois socos', recorda o pastor. 'Atirou--me para o chão e sentou-se em cima de mim a bater-me. Depois gritou ‘Olga, traz as cordas e a mordaça.' Foi nesta altura que a patroa saiu da parte de trás da carrinha.
Atado e amordaçado, Luís Pereira conta que viu a sua roupa ser 'cortada à navalhada' e só pensou 'na Nossa Senhora de Fátima' quando ouviu o patrão a dizer para a mulher: 'Olga, traz a cenoura.'
Quase inconsciente, foi abandonado na serra, a cinco quilómetros da aldeia mais próxima, Foz do Cobrão. 'Andei até lá e bati às portas a pedir ajuda, mas ninguém me abriu. Acabei por encontrar um palheiro e estendi-me lá, mas não dormi com medo. Só de manhã é que um casal de agricultores se dispôs a ajudar-me com roupa e comida. Só não tinham como me levar a Castelo Branco. Por isso, fui a pé.' Caminhou pelo IC2 até chegar, 'quase noite', à cidade.
'Fui à PSP e disseram que o caso seria da GNR. Andei até ao posto e o praça disse que nada podia fazer por estar sozinho. Fui até Rebelhos, único sítio onde conhecia alguém. Grande parte fiz a pé e dormi outra vez num palheiro, tive a sorte de apanhar duas boleias.'
Chegou à terra onde trabalhara quatro anos pelas 20h30 de segunda-feira e foi ajudado pelos donos de um café, 'por acaso são familiares do Tó e da Olga. Aí, comi e dormi. Deram-me uns sapatos, que os outros já não serviam.' No dia seguinte, 19 de Maio, voltou a casa, no Seixal. Um juiz soltou o casal, detido na última semana pela PJ.
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