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segunda-feira, 9 de maio de 2011

O TRIUNFO DA MÚSICA - PARTE II


Pag. 29. No época do período barroco os músicos da Europa Continental eram tratados como lacaios, servos, ou na prática: escravos. “A posição subserviente mesmo dos maiores compositores e cantores constituía regra nas grandes e pequenas cortes.” Bach pegou cadeia porque pediu licença para ir tocar em outra freguesia.

Pode parecer exagero, mas uma vez tentei pedir férias vencidas a um empregador para prestar serviço para outro durante dez dias e fui ameaçado com demissão, aliás, esta só não aconteceu porque não foi encontrado um substituto a altura.

“A imperatriz Maria Teresa (1717-1780) - da Áustria, uma das depostas esclarecidas do período, mãe da rainha Maria Antonieta que seria guilhotinada na revolução francesa  encomendou uma cartilha para educação de seu filho Ferdinando ou Fernando, na qual os músicos foram situados no mais baixo nível hierárquico da sociedade, junto com os mendigos e os atores. Em 1771 ela acrescentou seu próprio comentário quando Ferdinando a consultou sobre a possibilidade de contratar o músico de quinze anos Wolfgang Amadeus Mozart.”

“Você me perguntou se deveria contratar o jovem de Salzburgo para seu serviço. Não consigo conceber por que deveria, pois você não precisa de um compositor ou de outra pessoa inútil. Mas, se acha que lhe dará prazer, não me oporei. Só dou minha opinião porque não quero vê-lo perdendo tempo com gente que não serve para nada. Porém, você deveria evitar conceder a essas pessoas títulos honoríficos como se estivessem a seu serviço. Pois o próprio serviço cai em descrédito quando essas pessoas perambulam pelo mundo como pedintes.”
                                                                                             
É bom saber que essa figura nada simpática foi profundamente infeliz no casamento, arruinou a Áustria com suas patuscadas e que hoje para entendermos quem ela foi é preciso pesquisar, enquanto Mozart é automaticamente lembrado e idolatrado. Por outro lado, vemos essa situação se repetindo constantemente, falo dessa gente auto-ignorante que alcança algum poder e sabe o preço de tudo, mas não sabe o valor de nada. Empinam o nariz e agem grosseiramente constrangendo pessoas que nem conhecem, simplesmente porque ocupam um cargo qualquer.

Existe uma história famosa entre Goethe e Beethoven que ilustra esse sentimento. Dizem que essas duas grandes personalidades da literatura e da música caminhavam em um lugar público até que encontraram alguém da realeza. O célebre autor do Fausto rapidamente fez uma mesura saudando a nobreza enquanto Beethoven fechou a cara. Mais a frente o compositor censurou o colega dizendo que eram eles que deviam saudar aos dois, afinal nascer em família nobre nada mais era do que um golpe do acaso, já eles tinham alcançado o reconhecimento através do talento e do trabalho. Ser nobre, qualquer um pode ser. Já ser um Beethoven...  

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