Páginas

terça-feira, 10 de maio de 2011

O TRIUNFO DA MÚSICA - PARTE III - DAS CURIOSIDADES


A leitura De o Triunfo da Música me despertou para músicas e artistas que eu não conhecia bem como a ópera em um ato Le Devin Du Vilage do filósofo Jean-Jacques Rousseau que obteve grande sucesso em Paris; o disco A Love Supreme do saxofonista John Coltrane, relatado no livro como uma experiência mística do homem expressando espiritualidade através da música; e, por último, o famoso último castrato da história, Alessandro Moreschi que deixou algumas gravações feitas entre 1902-04.

Outra curiosidade que achei foi sobre músicos que descobriram obras quando as gravações se tornaram comuns. Rachmaninov, por exemplo, não sabia que Schubert havia composto sonatas para piano e o famoso intérprete das sonatas de Beethoven, Artur Schnabel, disse que não sabia que Mozart havia composto concertos para piano (!)

Achei também a estranhíssima figura de “Lord How-how”, um traidor britânico de nome William Joyce, nazista doente que foi um líder do movimento fascista britânico e acabou sendo executado em 1946. Joyce foi o principal propagandista das loucuras de Hitler, transmitindo em inglês das rádios alemãs. A uma da tarde a BBC fez a leitura do último pronunciamento feito pelo condenado:

Na morte, assim como nesta vida, eu desafio os judeus que causaram essa última Guerra e desafio os poderes das trevas que eles representam. Quero advertir o povo britânico contra o esmagador imperialismo da União Soviética. Que possa a Bretanha ser outra vez grande e na hora de nosso maior perigo no oeste possa a suástica ser erguida da poeira, coroada com as palavras históricas ‘Você conquistou apesar de tudo’. Tenho orgulho de morrer por meus ideais e tenho pena dos filhos britânicos que morreram sem saber por que.

As transmissões de Lord How-how começavam com o bordão “Alemanha chamando, Alemanha chamando” - que me lembra a música London Calling, lançada pela banda punk The Clash no final de 1979 - e sua escuta era desencorajada pelas autoridades britânicas, porém o público gostava, talvez por que quisessem ouvir o outro lado da questão, era ainda início da guerra, ou talvez porque, preferissem ser chocados por toda aquela bobagem nazista do que entediados com a programação da BBC.

Logo após o final da guerra o maluco foi preso junto com a esposa perto da fronteira da Dinamarca e quando foi pegar o passaporte acabou tomando um tiro nas nádegas. Um dos dois soldados que o prendeu era judeu alemão que havia fugido do horror nazista para a Inglaterra com a família. A ironia do destino não poderia ser maior: William Joyce que era nascido na América de pais irlandeses e fazia se passar por britânico na Alemanha acabaria preso por um judeu alemão lutando pela Inglaterra.

Levado de volta para Londres foi condenado à morte por traição em um processo complicado, enquanto a população questionava a sentença, afinal Lord How-how sempre fora visto como uma espécie de piada, o que nos faz pensar também um bocado sobre o famoso senso de humor dos ingleses. Vale conhecer o site que é, infelizmente, todo em inglês. Lá tem até a gravação da última transmissão de Joyce, completamente bêbado, logo após o suicídio de seu ídolo mor Adolf Hitler...

Retirado e livremente traduzido do endereço: 
http://www.nickelinthemachine.com/2010/02/the-execution-of-lord-haw-haw-at-wandsworth-prison-in-1946/

Nenhum comentário: