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domingo, 29 de janeiro de 2012

O CORAÇÃO NÃO SENTE

Depois de abrir caminho através da noite perdido em uma floresta negra cheia de tarântulas e arbustos com espinhos venenosos, o príncipe finalmente pode divisar o castelo onde a malvada bruxa mantinha cativa sua amada. O pau quebrou para dar conta de conseguir invadir o castelo, teve que matar um dragão que não era a sua futura sogra, atravessar um poço cheio de crocodilos e serpentes e ainda combater o bom combate contra um exército de zumbis controlados por meninas tailandesas ou neozelandesas viciadas em jogos de computador.

- Pelo menos não está rolando aquela música do Michel Teló... – Com um cuspe o príncipe derrubou os enormes portões de ferro que davam acesso ao interior do castelo, foi quando bradou emocionado. – Meu amor! Eu estou chegando!

Subiu as escadas correndo e cortando cabeças pelo caminho, se perguntava curioso por que será que a bruxa mesma ainda não tinha se dignado a dar as caras. No alto da torre encontrou sua amada, linda e adormecida. Jogou-se de joelhos aos pés da cama, as lágrimas jorravam de seus olhos, levantou um leve cortinado e preparou-se para tascar um beijo naquela que bem poderia ser a sua futura princesa. Antes que consumasse o ato, num passe de mágica, a bruxa malvada apareceu.

- Para tudo aí rapazinho! Para tudo!! – Junto com ela vinha alguns caras de terno que logo se descobriu ser do Ministério Público e da polícia civil. – Quem você pensa que é pra entrar aqui na minha casa, fazer essa fuzarca toda e ainda tentar se aproveitar da Bela Adormecida?

- Eu? Mas ela estava presa aqui... Eu ia só dar-lhe-lho-lha um beijo.

- Ah é? E você pensa que é o quê, uma reencarnação do beijoqueiro é? A moça, por acaso, tinha autorizado você a tomar essas liberdades com ela?

- Não ué, ela está dormindo...

- Pois é... Dormindo! – um dos policiais já o agarrava pela gola da armadura - E quer dizer que você não sabe que se aproveitar de pessoas inconscientes é crime não seu celerado?! Você não assiste ao programa da Sonia Abrão não seu infeliz?!! – Claro que o pobre príncipe não assistia e dali foi direto pro xilindró.

Com uma gargalhada a bruxa malvada mudou de canal e voltou a assistir ao programa da bruaca sua comadre que lia reportagens de jornal e comentava como se estivesse falando para uma legião urbana de analfabetos. Comentava animada que na Europa as Leis são tão rígidas que se um homem sequer olhar para uma mulher certamente terá sérios problemas com a polícia.

Enquanto isso a pobre Bela nunca despertou.

Partindo para missões mais importantes um dos policiais ainda comentou: vai ver que é por isso que na Europa as taxas de natalidade são tão baixas, né? O que os olhos não vê (sic) o coração não sente...

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia Juquinha!

Sua "estórias" são demais. Adoro você meu amigo!
Obrigada por presentear meu domingo entediante com esse conto.

bjs.

Leonora