Andou me despencando pela cabeça o livro “O Triunfo da Música: a ascensão dos compositores, dos músicos e de sua arte.” De Tim Blanning. Editora Cia. Das Letras. São Paulo, 2011. Antes de ler e devolver ao emprestante, como reza a boa educação, tomei o cuidado de fazer anotações do que achei de mais interessante e vou compartilhar, quiçá (issa!) para difundir o desejo de leitura pelo simples prazer de ler...
Capítulo 1. Prestígio.
Pag. 27. Claudio Monteverdi (1567-1643), compositor pouco conhecido nos dias de hoje é, entre outras coisas, considerado o maior autor italiano de sua geração. Sua ópera Orfeu (1607) é encenada até hoje e é geralmente considerada a primeira obra prima do gênero. Em 1612, foi despedido pelo duque de Mântua. No verão seguinte mudou-se para Veneza, para ser diretor musical da Basílica de São Marcos. Sete anos depois os mantuanos tentaram atraí-lo de volta. O compositor teve então o maior prazer em recusar o convite numa carta famosa que revelou o que um músico queria (e ainda quer).
Primeiro: dinheiro. Em Veneza ganhava-se bem melhor e não havia as tradicionais humilhações e calotes na hora de receber. Segundo: Estabilidade. Não corria o risco de ser mandado embora em função da morte súbita de um nobre ou algo que o valha. Terceiro: controle. Monteverdi tinha liberdade para contratar e despedir músicos (não tinha que acomodar as famosas indicações de protegidos), fora outras decisões importantes sobre sua própria arte. Quarto: reconhecimento de seu trabalho. Segue trecho da carta do próprio autor:
“Não existe nenhum cavalheiro que não me estime e respeite, e quando vou tocar, seja música de igreja ou de câmara, juro a vossa excelência que a cidade inteira vem correndo ouvir.”
Curioso como até hoje essas são coisas fundamentais, não só para os músicos, mas para os artistas em geral e falando ainda mais amplamente, para todas as pessoas que vendem sua “força de trabalho”. Muitos abrem mão de um emprego só para ter em outro alguns desses itens. Até que ponto nossa sociedade “evoluiu” de lá para cá? Pense bem: no ano que vem o episódio que originou essa carta está fazendo quatrocentos anos (!)
Recentemente fiquei sabendo de um triste episódio que envolve artistas e empresários daqui do Espírito Santo, mas tão vergonhoso e vexatório que me amarrei com corda para não comentá-lo por escrito como, aliás, estou fazendo agora. Não é uma briga minha, não foi comigo que aconteceu, cabe aos lesados colocarem a boca no trombone, a imprensa formal noticiar o acontecido e as autoridades competentes fazerem valer a justiça. Vou prosseguir depois, o texto ficou grande e complexo, resolvi o dividir em três partes para poupar o domingão da galera. Um feliz dia das Mães para as gatinhas carinhosas do Brasil!
Um comentário:
Grande Juca,
Primeiro, sua coluna é muito massa!
Segundo, o ser humano, as vezes, tem que viver mais de uma vez pra aprender algumas coisas. Vou tentar comprar esse livro.
Terceiro, quero saber mais sobre qual episodio que você não vai comentar. hehe
Quarto, Lanço meu DVD sabado no teatro do SESI em Jardim da Penha! Vê se aparece por lá!
Quinto, precisamos nos encontrar pra tricotar! ;)
Abração!
Amaro Lima
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