Uma boa dose do humor,
uma boa dose de amor, um copinho de cerveja que nunca esvazia. Para cada caso,
um caso. Sete da manhã o despertador atacou a primeira sinfonia da aurora, não
a gorda, porque Neslon falou que todo canalha é magro. O escritor que achava
que mulher boa gostava de apanhar não disse especificamente que é preciso ser magro
para ser canalha; tem, por exemplo, o Ghandi que era magrinho e
reconhecidamente um cara gente boa. Não podemos dizer que ninguém é bom,
podemos? Seria até, assim, uma heresia...
Canalha, aliás, essa é
uma palavra engraçada, me lembra uma música de ... sei lá quem, Walter Franco
talvez? “É uma dor canalha” ... Lembra meu amigo Max também, ele teve uma
namorada meio doida, mezzo desesperada que, acusada de traição por alguém,
falava aos prantos e aos berros: “você traz esse canalha aqui, traz esse patife”.
Meu pai ficou bravo comigo quando percebeu que nós estávamos nos divertindo com
o sofrimento da garota, puxou minha orelha.
O problema é que eu
tinha arrumado um captador de contato – acho que era esse o nome – para amplificar
o som de meu violão Di Giorgio. Era uma paradinha de metal redonda e prateada
do tamanho de uma moeda de cinqüenta centavos. Tinha uma colinha adesiva (será
que isso é redundância?) que grudava o captador ao tampo do violão e nós
descobrimos que se o grudássemos no telefone conseguiríamos amplificar a conversa
para todo mundo escutar e, inclusive, gravar...
O Peewee adorava
gravar conversas, aliás, ele ainda adora. No ano passado, quando nos
encontramos estava lá ele gravando tudo. Foi Machadinho – seu pai - quem falou:
“Juca, o pior não é ele gravar: o pior é que ele realmente escuta isso tudo
depois.” Para cada caso, um caso. Várias vezes ouvimos o chilique da ex-namorada
do Max: de careta, doidões, sozinhos ou acompanhados. Éramos guris, você queria
o quê? Alguém poderia dizer que éramos meninos bons, mas que nada, éramos
garotos perversos nos divertindo com o poder até então inédito de causar
sofrimento a uma garota.
Papai ouviu a confusão
dentro do meu quarto, as risadas, a moça chorando. Ora, era tudo amplificado a
alto e bom som numa caixa da Gianinni de 50w, queria o quê? Na hora meu velho
não falou nada, o esbregue veio depois, quando eu menos esperava. E eu entendi
que o que estávamos fazendo era mesmo uma idiotice, coisa de menino bobo. Ao
invés de engraçado aquilo tudo era muito triste e passei a ter raiva de babacas
por minha própria causa, porque eu vi o babaca em mim e não aceitava que outros
existissem. Mas, sabe? O problema do mundo é que aqui tá assim...
Só pra terminar matando saudade de outras épocas dá um beiço no video do Walter Franco que achei no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=ClqaR1RKdNI&feature=player_embedded#!
Só pra terminar matando saudade de outras épocas dá um beiço no video do Walter Franco que achei no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=ClqaR1RKdNI&feature=player_embedded#!
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