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quarta-feira, 25 de abril de 2012

SANTA INGENUIDADE DOS NOSSOS ROQUEIROS


Hoje é dia de visitar a Biblioteca Estadual que leva o nome do tio avô de meu amigo PeeWee, cujo (cujo?) aniversário passou faz uns dias e eu esqueci. Salvo algum engano, Levy Curcio da Rocha (1916-2004) era cunhado de Newton Braga (1911-1962) e nos deixou algumas obras importantes para a história do Espírito Santo como aquela sobre a viagem que Pedro II fez a esta província esquecida por Deus e desprezada pela mídia nacional, a não ser quando o assunto é tragédia ou escândalo político.

A Biblioteca Estadual vai receber hoje (25 de abril de 2012) às sete da noite, a caravana Rockrise, ocasião em que será furiosamente discutida a referida e polêmica obra do baterista “Dagoberto” que também responde pela alcunha de José Roberto Santos Neves (ou será o contrário?). A Biblioteca estadual fica na Praia do Suá, ali perto da rua da peixaria. Av. João Batista Parra, 165 - Praia do Suá. Telefones: (27) 3137-9351 / 31379349

Já escrevi sobre isso antes, mas lá vou eu outra vez de novo (here I GO again): contrariamente ao que muitos pensam: fazer um livro, ficar anos burilando histórias em um texto coeso e interessante não é coisa tão difícil assim. Também conseguir dinheiro para editorar um projeto gráfico bacana e depois imprimir com certa qualidade não é tão complicado. Difícil mesmo é fazer com que as pessoas saibam que o livro existe; que considerem mais importante comprá-lo do que a uma pizza; e que finalmente sentem as gloriosas buzanfas em algum canto e o leiam.

O livro Rockrise – história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo - fornece um panorama amplo e variado com relação a vários estilos dentro do rock local. Não tece críticas nem toma partido, mas é bastante evidente o carinho especial pela vertente heavy metal da qual o autor fez parte como baterista das bandas Skelter, Seven e The Rain. As figuras principais da obra ostentam cabelões e fúria aleatória, ousadia e ingenuidade. Isso fica claro em várias situações e pode até ser uma explicação para quase ninguém daquela geração ter virado “artista nacional”, escapando em cima de um skate o Dead Fish que saltou de algum lugar no meio disso tudo.

É uma boa hora para se parar e Pensar; e essa obra ajuda a gente a fazer isso. Dessa grande panorâmica surgem algumas constatações que já me incomodam faz tempo, por exemplo: a incapacidade de articulação de um discurso coerente. Na maioria das vezes as letras das músicas dessas gerações não dizem nada – isso as escritas em português - ou, por serem obras adolescentes, limitam-se a críticas ingênuas e brincadeiras infantis com garotas fáceis e professores babacas.

Talvez o rock de várias das bandas retratadas em Rockrise tenha morrido adolescente porque a maturidade traz responsabilidades financeiras que aquela música não foi capaz de prover e eles não souberam transpor essas agruras num diálogo maduro com o público. Culpa de quem? Vai saber. Talvez apenas não fosse o momento, ou, como disse o grande Amylton de Almeida, porque faltou a todos a leitura dos filósofos gregos... Acho que hoje a noite temos algumas coisas para conversar...

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