“Um compositor vienense, dotado de algum mérito mas que não se comparava com Haydn, tinha um prazer especial em encontrar nas composições deste pequenas incorreções. Muitas vezes procurava Mozart para lhe mostrar alegremente onde descobrira algumas negligências de estilo. Mozart tentava sempre mudar de conversa; por fim, não podendo mais, disse-lhe uma vez num tom brusco:
- Senhor, se nos adicionassem aos dois, mesmo assim não achariam ainda com o que fazer um Haydn.”
Stendhal – A Vida de Mozart
Ontem vi pela Internet uma piada dizendo que se atualmente um livro tiver uma página que seja já vai ser grande demais para a molecada ler, mas, afinal, quem é que se importa realmente com a molecada de hoje? Todo intelectual também já foi um garoto boboca que amava os Beatles e os Rolling Stones. (Todo?) Sei lá, a verdade é que uma hora os guris vão amadurecer e querer saber “de qual é” das pessoas que abriram os caminhos; deixa inchar e curtir seus roques, porque quando os hormônios arrepiam os cabelos da nuca a saída é uma só.
Sempre pensei e alardeei não me importar muito com as aparências, a sinceridade acachapante é uma das mais famosas características dos sagitarianos típicos como eu. Não a enxergo como um defeito, mas como a afirmação autóctone de um modus vivendi. Sou observador, mas frequentemente deixo escapar coisas óbvias; sou assim como todo mundo é; ou quase todos instintivamente ingênuos. Nossa mente nos sabota. Nesse instante mesmo, há pelo menos umas três ou quatro outras coisas bem mais importantes a fazer do que estar escrevendo este texto e, no entanto...
Por serem basicamente diferentes de mim, as pessoas que se preocupam como serão julgadas pelos outros despertam minha aversão profunda, até mesmo certo desprezo; simplesmente porque sempre achei mais gostoso, digamos assim, me lixar pro que pensariam ou deixariam de pensar de minha gloriosa (cujo?) pessoa. Talvez seja uma questão de valores, talvez seja um problema de criação, talvez seja apenas o meu jeito idiota de ser. Mas nada disso é bem verdade, tá legal? No fundo eu me preocupo sim; meu desejo de negar essa atitude é já uma constatação disso.
Estranha e me incomoda quando vejo gente me olhando atravessado, fico encafifado me perguntando do por que. Dentro de mim sinto com absoluta certeza que não fiz nada para aquela pessoa querer me fuzilar sorrindo, sempre esqueço que têm umas três ou quatro que eu também não gosto só porque “não fui com a cara”. A diferença é que se alguém me incomoda eu não dou conta de disfarçar, quero logo “falar umas verdades”, distribuir uns coices de centauro e sair de perto, mas tem muita gente que não nos suporta justamente por não conseguir deixar de orbitar...
Então é um saco aquela pessoa cujo (cujo?) único assunto é falar mal de outra, que se corrói por dentro quando vê algo bem feito, que se diverte e até fica feliz exaltando o erro de quem está dando a cara à tapa. Justamente aquele tipo de pessoa idiota de corpo e alma que não traz nada de relevante pra cena, e se tentou não conseguiu e então passou a viver de produzir e disseminar veneno e mendigar amizades traiçoeiras. Gente vampirizante assim é preciso ter bem longe, mas é como falei: elas se achegam; porque precisam sugar a vitalidade dos que estão vivos, dos que estão fazendo o que elas não têm nem coragem, nem competência pra fazer.
Termino então com o “Tema do Cadinho”, uma REZA da sacrossanta Rita Lee para desbaratinar e espanar pra bem longe essa inhaca de mau olhado...
Deus me proteja da sua inveja
Deus me defenda da sua macumba
Deus me salve da sua praga
Deus me ajude da sua raiva
Deus me imunize do seu veneno
Deus me poupe do seu fim
Deus me acompanhe
Deus me ampare
Deus me levante
Deus me dê força
Deus me perdoe por querer
Que Deus me livre e guarde de você
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