Para comemorar o dia dos namorados - aliás, tema do primeiro post
da Letra Elektrônica no longínquo ano de 2008 quando então eu reclamava da data
– resolvi fazer uma listinha com treze (pra dar sorte) comédias românticas. É
filme pra fazer qualquer marmanjo suspirar disfarçadamente, quanto mais às
meninas que já naturalmente nos obrigam a ir ao cinema com cara de emburrado
ver filme meloso de Drew Barrymore.
Os filmes estão apresentados pela ordem do ano em que foram
produzidos e não sei direito quando ou como foi que os vi - alguns no cinema e
outros na televisão. Para mim é Impossível fazer um ranking entre esses filmes,
todos me fizeram chorar de rir e de emoção, então os apresento por ordem de
produção. Segue, porém, a pontuação do IMDB (Internet Movie Database) que é sempre
muito influente como referência:
- Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959) IMDB: 8.4. Marlyn Monroe, Tony Curtiss e Jack Lemmon.
Quer ver como se faz uma comédia matadora? Junte um galã, um
comediante e a maior gata da época, qualquer época. Pegue um roteiro que tenha
uma premissa maluca, mas verossímil, embora muitas vezes isso não seja
necessário, e, contando com uma química inexplicável temos “Quanto mais quente
melhor”. Tudo deu certo. Nesse filme a Marilyn estabelece o padrão para o que
seria chamado de “loira burra” e, com curvas abundantes e insinuantes quilinhos
a mais, faria as modelos atuais parecerem postes ou gravetos.
- Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977) IMDB: 8.2. Woody Allen e Diane Keaton.
É preciso amadurecer para gostar desse filme, considerado
a obra prima de Woody Allen. Tem piadas surpreendentes e bastante citadas como “masturbação é fazer
sexo com a pessoa que a gente mais ama” e por aí vai. Algumas piadas ficaram
datadas, mas o principal para se entender esse filme de título tão idiota em
português (quem será que cometeu esse vacilo?) é saber que às vezes precisamos
passar por grandes desilusões, separações dolorosas e criar calos no coração
para entender e se identificar com uma história de amor.
3. O Céu Pode Esperar (Heaven Can Wait, 1978) IMDB:
6.8
Warren Beatty e Julie Christie
É uma daqueles filmes que parecem ter alguma coisa de mágico e nos
capta pelo eterno sentimento de separação de algo que nos complete, a lenda do amor
romântico que seremos capazes de reconhecer mesmo após morrer e renascer. Não
tão bem ranqueado quanto os outros, esse filme passava muito na televisão
quando eu era guri, uma hora achei vendendo o DVD nas Lojas Americanas e passei
a o rever eventualmente. O final é bonito de chorar.
- Victor ou Victória (Victor Victoria, 1982) IMDB: 7.4. Julie Andrews e James Gardner
- Tootsie (1982) IMDB: 7.4. Dustin Hoffman e Jessica Lange.
São duas produções muito românticas, matadoras e deliciosamente
bem interpretadas, podem também serem entendidas uma como o inverso da outra,
já que no primeiro uma mulher se faz passar por homem e no segundo é o
contrário - como já disse, premissas malucas e atuações magníficas,
especialmente do baixinho Dustin Hoffman - mas quem levou o Oscar de melhor
atriz foi Jessica Lange, provando que além de linda era também talentosa.
Em Victor ou Victória temos uma trilha sonora muito inspirada do
imortal Henri Mancini e Julie Andrews bela e respeitável em meio a uma história
cheia de piadas contra o preconceito machista e referências à alegria do
universo gay. O elenco de atores coadjuvantes é fabuloso, muito melhor do que
os principais no que diz respeito á performance teatral, com destaque para Lesley
Ann Warren e Robert Preston.
- Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993) IMDB: 8.1Bill Murray e Andie MacDowell
Imagine-se preso no mesmo dia, e ainda por cima sendo o mal
humorado do Bill Murray. O filme foi visto como uma metáfora por várias
correntes religiosas, mesmo porque tem um lance do bem que o atravessa, de
deixar o egoísmo de lado e valorizar as pessoas e seus sentimentos. É bonito, é
romântico e é também muito engraçado, tudo na medida certa.
- Muito Barulho Por Nada (Much Ado About Nothing, 1993) IMDB: 7.3. Kenneth Branagh e Emma Thompson.
- Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and A Funeral, 1994) IMDB: 7.0. Hugh Grant e Andie MacDowell.
Esses dois filmes têm em comum a força do casamento no ideário
humano, a importância do encontro pré-estabelecido entre a virilidade masculina
e o encanto feminino numa união que representa a fertilidade e a continuidade
não só da raça humana, mas do eu, daquilo que somos e do quanto é importante
festejar esse encontro. Especialmente a versão Shakespeareana de Branagh é
celebração e êxtase num elenco estelar e inspiradíssimo. Lindos todos os dois.
- Melhor É Impossível (As Good As it Gets, 1997) IMDB: 7.7. Jack Nicholson e Helen Hunt
O amor e o mau humor, a superação não só de uma condição física,
mas emocional na busca da realização e da capacidade acessar afeto. Para mim é
a atuação definitiva de Jack Nicholson e a consagração merecida do talento de
Helen Hunt. É, seguramente, o melhor filme daquela década onde tudo é perfeito
e Mr. Nicholson ainda consegue extrapolar e roubar cada centímetro de cada cena...
- Um lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill, 1999) IMDB: 6.9. Hugh Grant e Julia Roberts
Equilíbrio perfeito entre o casal que forma o par romântico do
elenco, atores coadjuvantes muito bem escolhidos em atuações hilárias e um
roteiro verossímil e emotivo na medida certa. Uma produção, permeada pelo
capricho, bom gosto e, especialmente, equilíbrio entre humor e emoção. A cena
que mostra a passagem do tempo na rua em que acontece a feira é de uma
criatividade e delicadeza que agora me pergunto qual a razão de ser tão pouco
lembrada e valorizada.
- Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000) IMDB: 7.5. John Cusack, Jack Black, etc...
É uma rara comédia romântica mais para meninos do que para meninas,
como o é também o filme a seguir. Ora, os brutos também amam e, às vezes, abrem
o coração. Também é um filme de amor pela música e a influência dela nas
relações, a trilha sonora dos namoros é coisa que todo mundo guarda com carinho
na memória. Mesmo que depois não sejamos mais assim, é muito legal de vez em
quando alguém vir nos lembrar.
- Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembrança (Eternal Sunshine Of a Spotless Mind, 2004) Jim Carrey e Kate Winslet. IMDB: 8.4
Vi esse filme no cinema e passei um meio vexame, porque depois que
ele acabou eu não conseguia parar de chorar e nunca nada do gênero havia acontecido
comigo antes. Se você tem preconceito com Jim Carrey saiba que esse é um filme
sério (melhor dizendo, as partes engraçadas não são com ele) e, de longe, a sua
melhor atuação no cinema. O final é doloroso como um grito de amor que não quer
mais calar.
- A Garota Ideal (Lars and The Real Girl, 2007) IMDB: 7.4. Ryan Gosling.
É o mais maluco da lista, disparadamente o mais criativo e o único que envolve o amor como um todo social. A dificuldade de amar ou, como em Melhor é Impossível, acessar o afeto é o tema, elaborado de maneira criativa e doce. Muitas vezes é preciso cruzar oceanos para encontrar o que precisamos, às vezes precisamos da ajuda dos outros, de compreensão e do carinho. É uma história sobre alteridade, bonita de doer e surpreendentemente inteligente; é pura fantasia, mas, depois de o ver, ficamos com muita vontade de ajudar o mundo a mudar para melhor. E esse deve ser o objetivo de qualquer obra de arte.
Feliz Dia dos Namorados Galera! |
3 comentários:
Só filmes americanos?????
Junior.
É Junior, tem dois ingleses na lista... Mas, pois é, não lembrei, por exemplo, de nenhum brasileiro, francês ou italiano para mencionar.
Ademais, é bom explicar que são filmes que me marcaram e não que são as melhores comédias românticas de todos os tempos, ok?
Sua observação é muito válida, falta agora a contribuição.
Grande abraço...
Eu gostei muito. Especialmente de Muito Barulho por nada. É um filme maravilhoso!! Valeu pelas dicas.
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