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sábado, 21 de fevereiro de 2015

O HOMEM ERRADO NO LUGAR ERRADO




Por que é estarrecedor ver-se o resultado final da parte já definida do ministério, fruto da mesma prática deletéria de escolher um partido para cada ministério, sem levar em conta a capacidade do escolhido ou sua especialização na área que comandará. A situação é tão trágica que um partido como o PRB, da Igreja Universal, se sente em condições de ameaçar ir para a oposição caso o ministério dos Esportes não vá mesmo para o pastor George Hilton, um completo ignorante na área, tão ou mais que seu padrinho o pastor Marcelo Crivela, que confessou não saber nem mesmo reconhecer uma minhoca quando foi indicado para a pasta da Pesca.

Texto de Merval Pereira sobre a definição do Ministério de Dilma, publicado em: http://www.folhapolitica.org/2014/12/dilma-esta-deprimida-chora-e-se-sente.html?m=1

Durante o período eleitoral abundam chavões vagos como “priorizar a qualidade através de gestões competentes”. Porém, como no ministerial imbróglio em epígrafe, o contrário costuma acontecer. Não estou falando nenhuma novidade, isso é já uma faceta folclórica de nossa bandalheira tropicália. Em função de alianças com representações partidárias “mais-ou-menos” algumas figuras que emulam militância e engajamento acabam galgando posições importantes. Por essas e por outras essas escolhas se tornaram uma prática mal vista e recriminada na “coisa pública”.

O problema do Brasil é que indicações de cartas-marcadas acontecem igualmente em empresas privadas nas quais alguns cargos “estratégicos” são designados em conchavos obscuros. De vez em quando estoura um escândalo e as investigações revelam que o dirigente era pau-mandado de um investidor, ou laranja indicado por alguém influente. Como no caso dos ministros, o fato do dirigente mequetrefe não entender bulufas do trabalho da instituição é visto como um mero detalhe, afinal quem vai botar a mão na massa são os profissionais da área... Mas... Ocorre que isso não é bem o que acontece também.

É comum o tal do “dirigente” colocar em prática a sua peculiar “filosofia de trabalho”, privilegiando profissionais da equipe a partir de valores subjetivos que raramente incluem a competência, mesmo porque esse é um quesito técnico, aproveitando o carnaval, que a figura não tem condição de avaliar. Para piorar é comum também da figura nefasta bater de frente com alguns bons e zelosos profissionais da empresa, porque estes, claro, vão questionar e tentar impedir certos movimentos “inovadores”.

Mas como liderar um negócio se você num coisa com coisa? A filha de uma amiga ganhou um belo e sonoro violão, relíquia da família e da tradição patropi, pois a menina cismou que o instrumento não era bom porque era velho. A falta de experiência nos faz julgar as coisas a partir dos valores que conhecemos, no caso dos adolescentes, roupas “de marca” e engenhocas elektrônicas novas e caras. Quem nessa idade vai dar conta de saber que um violino novo, mesmo de uma boa marca, não vai ter as peculiaridades sonoras de um Stradivarius fabricado há trocentos anos?

Imagine um técnico que mal domina os rudimentos do futebol e passa a escalar o time a partir da simpatia que tem por determinado perna de pau enquanto coloca o craque no banco porque “não tem espírito de equipe”? No fundo o cara sabe que o craque sabe que ele é uma anta, que deveria estar fazendo outra coisa, mas está ali e mesmo que o time perca, seja rebaixado e o escambau, sua vontade vai prevalecer. E sabe o que vai acontecer? Nada. A torcida vai reclamar, xingar o técnico de burro, na temporada seguinte algumas mudanças serão feitas, mas a anta continuará lá...

Para um dirigente costa-quente ser defenestrado do cargo é preciso acontecer uma merda muito grande que ameace a reputação de quem o colocou lá. De vez em quando isso acontece e a notícia ganha os jornais, mas é uma minoria “vacilona” essa que acaba rodando. A esmagadora maioria desses manés permanece no cargo por vários anos, fazendo pose e dando aquelas entrevistas empoladas, enquanto seus apadrinhados realizam o trabalho medíocre esperado, com resultado idem e é “vida que segue”. Quer saber? Esse expediente talvez seja o maior mal do nosso país.

O medíocre legitima sua posição fazendo uso de uma espécie de habilidade sociopata para manipular as relações que, em sua maioria, se pautam em aparências e hipocrisias, justamente porque desconhecemos o real valor de muitas coisas e a intenção das pessoas. Essa nóia nos persegue desde que o mundo é mundo, como o dilema de Pompéia: “À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”. Aí você vai dizer que numa empresa particular isso não acontece sob o risco de quebrar... Quebra nada inocente! A conta vai sempre pro mesmo lugar...

Portanto, quando vemos algum desses manés jogando contra o patrimônio e suspeitamos que alguma coisa está errada é porque está errada mesmo. E daí? São esses caras que conseguiram acabar até com a reputação de nosso futebol, que dirá o resto! Enquanto aqueles que tem poder de decidir não adotarem atitudes sérias, escalando quem tem talento e detém conhecimento, vai acontecer agora o que está acontecendo há décadas: vamos afundar esse país! E ao sair do mar de lama - se por sorte não morrermos na praia - vamos descobrir que aquelas “mentes brilhantes” também deram um jeito de acabar com a água!

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