Por que é estarrecedor ver-se o resultado final da parte já definida do
ministério, fruto da mesma prática deletéria de escolher um partido para cada
ministério, sem levar em conta a capacidade do escolhido ou sua especialização na
área que comandará. A situação é tão trágica que um partido como o PRB, da
Igreja Universal, se sente em condições de ameaçar ir para a oposição caso o
ministério dos Esportes não vá mesmo para o pastor George Hilton, um completo
ignorante na área, tão ou mais que seu padrinho o pastor Marcelo Crivela, que
confessou não saber nem mesmo reconhecer uma minhoca quando foi indicado para a
pasta da Pesca.
Texto de Merval Pereira sobre a definição do Ministério de
Dilma, publicado em: http://www.folhapolitica.org/2014/12/dilma-esta-deprimida-chora-e-se-sente.html?m=1
Durante o período
eleitoral abundam chavões vagos como “priorizar a qualidade através de gestões
competentes”. Porém, como no ministerial imbróglio em epígrafe, o contrário
costuma acontecer. Não estou falando nenhuma novidade, isso é já uma faceta folclórica
de nossa bandalheira tropicália. Em função de alianças com representações partidárias
“mais-ou-menos” algumas figuras que emulam militância e engajamento acabam galgando
posições importantes. Por essas e por outras essas escolhas se tornaram uma prática
mal vista e recriminada na “coisa pública”.
O problema do Brasil é
que indicações de cartas-marcadas acontecem igualmente em empresas privadas nas
quais alguns cargos “estratégicos” são designados em conchavos obscuros. De vez
em quando estoura um escândalo e as investigações revelam que o dirigente era
pau-mandado de um investidor, ou laranja indicado por alguém influente. Como no
caso dos ministros, o fato do dirigente mequetrefe não entender bulufas do trabalho
da instituição é visto como um mero detalhe, afinal quem vai botar a mão na
massa são os profissionais da área... Mas... Ocorre que isso não é bem o que
acontece também.
É comum o tal do “dirigente”
colocar em prática a sua peculiar “filosofia de trabalho”, privilegiando
profissionais da equipe a partir de valores subjetivos que raramente incluem a
competência, mesmo porque esse é um quesito técnico, aproveitando o carnaval,
que a figura não tem condição de avaliar. Para piorar é comum também da figura
nefasta bater de frente com alguns bons e zelosos profissionais da empresa,
porque estes, claro, vão questionar e tentar impedir certos movimentos “inovadores”.
Mas como liderar um
negócio se você num coisa com coisa? A filha de uma amiga ganhou um belo e
sonoro violão, relíquia da família e da tradição patropi, pois a menina cismou
que o instrumento não era bom porque era velho. A falta de experiência nos faz
julgar as coisas a partir dos valores que conhecemos, no caso dos adolescentes,
roupas “de marca” e engenhocas elektrônicas novas e caras. Quem nessa idade vai
dar conta de saber que um violino novo, mesmo de uma boa marca, não vai ter as
peculiaridades sonoras de um Stradivarius fabricado há trocentos anos?
Imagine um técnico que
mal domina os rudimentos do futebol e passa a escalar o time a partir da
simpatia que tem por determinado perna de pau enquanto coloca o craque no banco
porque “não tem espírito de equipe”? No fundo o cara sabe que o craque sabe que
ele é uma anta, que deveria estar fazendo outra coisa, mas está ali e mesmo que
o time perca, seja rebaixado e o escambau, sua vontade vai prevalecer. E sabe o
que vai acontecer? Nada. A torcida vai reclamar, xingar o técnico de burro, na temporada
seguinte algumas mudanças serão feitas, mas a anta continuará lá...
Para um dirigente
costa-quente ser defenestrado do cargo é preciso acontecer uma merda muito
grande que ameace a reputação de quem o colocou lá. De vez em quando isso
acontece e a notícia ganha os jornais, mas é uma minoria “vacilona” essa que
acaba rodando. A esmagadora maioria desses manés permanece no cargo por vários
anos, fazendo pose e dando aquelas entrevistas empoladas, enquanto seus apadrinhados
realizam o trabalho medíocre esperado, com resultado idem e é “vida que segue”.
Quer saber? Esse expediente talvez seja o maior mal do nosso país.
O medíocre legitima
sua posição fazendo uso de uma espécie de habilidade sociopata para manipular
as relações que, em sua maioria, se pautam em aparências e hipocrisias,
justamente porque desconhecemos o real valor de muitas coisas e a intenção das pessoas.
Essa nóia nos persegue desde que o mundo é mundo, como o dilema de Pompéia: “À
mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”. Aí você vai
dizer que numa empresa particular isso não acontece sob o risco de quebrar... Quebra
nada inocente! A conta vai sempre pro mesmo lugar...
Portanto, quando vemos
algum desses manés jogando contra o patrimônio e suspeitamos que alguma coisa
está errada é porque está errada mesmo. E daí? São esses caras que conseguiram
acabar até com a reputação de nosso futebol, que dirá o resto! Enquanto aqueles
que tem poder de decidir não adotarem atitudes sérias, escalando quem tem
talento e detém conhecimento, vai acontecer agora o que está acontecendo há
décadas: vamos afundar esse país! E ao sair do mar de lama - se por sorte não
morrermos na praia - vamos descobrir que aquelas “mentes brilhantes” também
deram um jeito de acabar com a água!
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