O primeiro fim de semana do décimo oitavo festival de Inverno de Música Erudita e Popular de Domingos Martins foi marcado por grandes apresentações, um frio danado - que era esperado e até desejado por muitos - e uma chuvinha insistente. No cacófago da madrugada o termômetro da praça teimava em marcar dezesseis graus, suspeito até que dali ele não passe pra baixo, porque pra mim tava “fazendo”uns cinco.
Enquanto eu reclamava comigo mesmo que deveria ter me preparado melhor pra enfrentar o general inverno, passa um garotão marombado só de camisetinha regata folgadona. Claro que sua intenção era expor seus predicados musculares com o intuito de pegar alguma das inúmeras alemazinhas que se espalhavam pelo público. Convenhamos que pela lógica meteorológica era mais fácil pegar uma pneumonia...
Aconteceram concertos, shows e recitais imperdíveis, não vou contar tudo senão vocês vão até ficar tristes. Mas confesso que a Leci Brandão me surpreendeu. Cheguei em Domingos Martins no final da tarde quando a temperatura era de dezoito graus, quando caiu a noite baixou pra dezesseis e, inexplicavelmente, pouco depois de Leci entrar no palco o termômetro da praça marcava dezenove graus. Leci fez uma apresentação pra cima e tão alto astral que fez até a temperatura subir!
O pianista Marcelo Verzoni fez um recital todo voltado pra música brasileira, tocou uma linda valsa de Ernesto Nazareth chamada “Confidências” que eu não conhecia. Explicou que era a música favorita de Ruy Barbosa, sempre tocada pelo autor de Odeon quando aparecia a célebre figura da “Águia de Haia”. Na mesma balada o violonista Paulo Pedrassoli homenageou Carlos Cruz com uma suíte belíssima chamada Gravuras de Debret.
O grande destaque dessa primeira parte do festival de inverno foi a participação da música instrumental local, a nossa Orquestra, a Banda da PM e os alunos e professores da Faculdade de Música. Teve quarteto de cordas, orquestra de câmara com meninas de seis, sete anos, lindas. Teve banda pop, coral com homenagem aos Beatles, big band de jazz. E todo mundo tocando muito. É visível - e também é um alívio - perceber o quanto isso tudo é fruto de trabalho competente da Fames que ajudou a elevar a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo a outro patamar de sonoridade.
Falei que não ia contar tudo, afinal, no próximo fim de semana tem mais: concerto com o pianista Marcelo Bratke, Orquestra Capela Bydgistiensis da Polônia, Emílio Santiago, Monarco da Portela, Fabiano Mayer e seu quinteto, Coro Curumins regido por Paulo Paraguassú. Enfim fiquem de olho no site do festival, agasalhem-se direitinho - ou levem um cobertor de orelha, coisa que não fiz - e cacem o rumo da montanha. Garanto que vocês não vão se arrepender.
Um comentário:
Prezado Juca.
Trabalhei por seis anos na coordenação da Biblioteca da Faculdade de Música do Espírito Santo e fiquei muito feliz de ler sua crônica sobre o Festival de Inverno de Domingos Martins, com certeza, a
participação da Fames no atual Festival fez "a diferença", o trabalho realizado pela Faculdade de Música do Espírito Santo e principalmente pelo amor que os professores e alunos da Fames têm pela música e incrível. Sou servidora da Secult e hoje "estou" na Gerência do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Espírito Santo, mas meu coração sempre estará também na Fames.
Abraços
Nádia Alcuri Campos
Bibliotecária
CRB Nº 70.
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