Conheço histórias publicadas tão inacreditáveis que durante uma época eu as recortava e colecionava dentro de uma caixa de sapatos. Minha intenção era fazer um filme e dar o nome de “Histórias Verdadeiras”. Que tal? Nada melhor que começar contando mentira pra prender atenção. Nunca guardei nada, tenho uma pasta em algum arquivo perdido entre meus mil e duzentos discos e filmes e nada mais. Lá tem a reportagem sobre uma mulher que soltou um “peido” dentro de um avião Russo e quase derrubou o bicho. Dizem que o piloto alertou o aeroporto mais próximo que estava com problemas na aeronave e pousou desesperado com o futum...
Mas de todas essas histórias bizarras, a que mais me recordo e que frequentemente conto em rodas de amigos a título de piada é a de um crime que aconteceu em Iconha. Não lembro quando foi exatamente, mas acho que nos anos noventa. Um agricultor morreu e a esposa foi acusada, talvez pela família dele, de tê-lo assassinado colocando veneno, tipo um produto agrotóxico, um pouquinho todo dia em sua comida até que o pobre morreu.
O caso causou (pois é) comoção na pequena cidade de nome que rima com bagulho, quero dizer, com a parada, o produto, enfim, a coisa. Deu foi gente no dia do julgamento para ver que bicho que ia dar e: advogado criminal tu já viu, né? Gosta mesmo de aparecer quanto tem um barraco, me desculpem os rábulas e propedêuticos da área, mas é a impressão que as pessoas comuns têm. E eu sou, historiograficamente falando, um cara comum.
A tese defendida pelo advogado de defesa foi simples, interativa e, até assim diria, histriônica no sentido de enfática. Levou para o tribunal uma lata com o tal do produto e no auge de sua preleção discursiva enfiou os dedos na substância maligna e passou na própria língua, dizendo: “Isso aqui não é veneno! Isso aqui não mata ninguém!!” Um grande “Oh!” de surpresa percorreu todo o júri e a plenária, todos estavam espantados com a locomotiva ação internocrática do desavisado que algo talvez soubesse de direito, mas bem pouco das coisas e tratos da vida no campo.
Consta dos jornais da época que o julgamento prosseguiu moroso e cheio de nove horas - como sempre é - e o valente e lugar tenente advocatóide da defesa, danou a transpirar como um chafariz (se é que isso transpira). De repente o cara estava se apoiando naquela muretinha de madeira que separa as partes em litígio do povão, feito mesmo um curral, até que finalmente arriou na cadeira resfolegando que nem boi cansado. O juiz era um cara propedêutico também, usava brasões hagiográficos e falava adevoguês até quando tomava umas periquitas no boteco do Danilo...
- Traz leite presse infeliz que ele vai morrer! – Ninguém achou o Dodão, mesmo porque essa é uma piada interna, só vai a entender uma meia dúzia de pessoas que não vão ler esse texto. Melhor cortar. O importante é a gente saber que o advogado sobreviveu a si próprio, mas sua cliente foi parar no xilindró, coitada, condenada que nem ela só. Ora...
Anúncio imperdível dos anos setenta e poucos, quando os publicitários já sabiam que, com a propaganda certa, podiam induzir até as formigas a sofrer de depressão... |
3 comentários:
Rsrsrsrs......Essa é boa e vou enviar pra minha filha de criação que esta estudando direito em Cachoeiro e estagiando no Forum de Iconha...rsrsr...A familia de meu filho Pedro Julio é de lá e ele mora em Iconha com a mãe....rsrsr
Abs Mario.
Como ninguém vai ler? O amigo usava fraldas e eu já era assinante do JORNAL DA CIDADE, viu? Ver sua habilidade, não me surpreende, como disse nosso amigo Mario Gallerani, está no DNA!!! O que o DODÃO tem haver com essa história ou será estória? rsrsrsrs Forte abraço
Gigiofla.
Por isso que eu falei que ninguém ia entender, elementar meu caro Gigiofla: Leite era o apelido de Dodão nos tempos do Pó, porque cortava a onda da galera. Hehehe. Amplexos...
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