Tô pra dizer pra vocês que nunca liguei muito pra futebol. Mesmo quando criança não me apetecia participar de esportes coletivos, acho que porque fui o único menino da casa, acostumei a brincar sozinho. Meu pai, nos fins de semana, estava sempre sentado de frente para uma máquina de escrever criando artigos, livros, mais ou menos como eu faço hoje no computador, não me lembro dele se coçando por qualquer jogo ou algum time. Pra arrematar a turma metida a tropicália que freqüentava nossa casa achava futebol brega, coisa de gente cafona. Durante muito tempo a camisa do Flamengo foi pra mim um ícone de mau gosto. Que meus amigos Bibinho, Max Filho e meu primo João Paulo não me leiam. Hehehehe.
Na época da infância a moda entre os meninos era querer ser astronauta, piloto de fórmula um; jogador de futebol não, pelo menos entre os meninos que eu conhecia. Ser astronauta era algo tão distante e inimaginável que nem sei dizer, o homem tinha pisado na lua apesar de muita gente não acreditar. O Emerson Fittipaldi tinha um Lótus preto e costeletas enormes, eu era fã dele e do Niki Lauda também. Mas o futebol? Remetia a coisas tristes como finalzinho de domingo na casa de minha avó, meu tio na sala ouvindo alguma partida num radinho de pilha, fumando, taciturno que nem um pajé de Timbuí...
Esse meu tio chegou aos sessenta com diversas avarias no motor da embarcação, o médico ralhou com ele e desfiou uma série de conselhos, normas de conduta: - Ô seu Jairo, o senhor não pode mais viver desse jeito que a sua saúde não vai agüentar. Tem que cortar o cigarro, tem que cortar essas comidas pesadas que o senhor gosta, tem que cortar a cervejinha. – Até a cervejinha? – Cortou foi o médico. Não viveu muito mais, mas que graça tinha a vida se cortasse dela o pouco que ainda lhe dava prazer?
Na televisão Dunga comemora a boa fase e o 4 a 2 ontem sobre o Chile, afirma que o grupo da seleção é guerreiro e não se “acontenta” com outra coisa além da vitória. Corri pro Aurélio, não achei o verbo “acontentar”, além de brigão nosso inesquecível capitão também é dado a neologismos? Pareceu aquele pastorzinho que fala da “briba” “adiante-a-de Deus”. Mas tenho uma teoria com relação a esse gol do dunga contra o português. É que tem aquela parada “a contento”, tá ligado? A transação rolou a contento, a transação foi dentro da expectativa. E pensar que os jogadores o chamam de “professor”...
Outra coisa é essa felicidade em ver a Argentina se ferrar, sei lá cara, parece coisa de gente despeitada saca? Rivalidade meu cool, essa parada já deu. Quer coisa mais babaca do que Galvão Bueno enchendo a boca pra dizer que é muito bom ganhar da Argentina, porra meu, quando o Brasil arreia o calção pra França ninguém fala nada. Agora tá todo mundo gozando a cara do Maradona e a má fase dos Hermanos Hennings, tem um monte de blogs dizendo que Don Diego é a cara da Mafalda. Huhauhauha. Pior que é mesmo. Deu até saudade dos quadrinhos do Quino, ô cara, bons tempos...
10 comentários:
Meu carí$$imo amigo poeta, sei que vc é bom de dedos, bom datilógrafo, bom tecladista (de computador), bom de punheta ("...acho que porque fui o único menino da casa, acostumei a brincar sozinho."), tem total domínio das mãos, mas ainda que esteja longe de ser "urologista", de qualquer maneira agradeço pela parte que "me tocou".
Falar que o manto sagrado (uniforme do Flamengo) é brega, poxa vida... Nem parece aquele cara que nunca se interessou por esportes coletivos, e quando não estava "brincando sozinho", estava sendo explorado pelas irmãs e amigas para ser o médico, o padeiro, o farmacêutico, o bancário, nas brincadeiras de boneca e casinha (digo isso com muita propriedade porque também sou filho homem e caçula numa casa com 3 mulheres e passei pelo mesmo processo).
O que eu quero dizer é que, por andar muito com mulheres, a gente aprende (na marra) a ter um pouco de bom senso na escolha das roupas, etc. e entre outros uniformes que vemos por aí, o do Flamengo não é tão mal assim.
Claro que vestido num negão desdentado a coisa muda de figurino, mas fora isso... é bem fashion, tanto que vários times do exterior copiaram seu desenho, alguns mantiveram as cores e outros as trocaram, mas a idéia foi a mesma.
Enfim, deixo aqui o meu manifesto pela parte que me tocou (da próxima vez use KY, dói menos), mas fora isso vc continua sendo meu ídolo na escrita.
Love you!
BB
Olá Juca, muito bom texto...
Um dia você tem que reunir essas suas crônicas e públicar um livro.
Fico aguardando esse projeto...
Com relação ao futebol, até um bom tempo de minha vida não era muito ligado não, mas por influência de um grande amigo meu, passei a assistir mais. Acho que desde 2005 que passei a acompanhar o futebol com mais precisão. Não sou fanático não, mas toda segunda abro o jornal e vejo como foi a rodada do brasileirão. Sei que isso não vai me trazer muita coisa, mas se tornou até um hobbie, um hábito, pesar dos meus times estarem em má fases atualmente (Santa Cruz e Botafogo) hauhaaaa...
Mas é isso aí, os dois últimos jogos do Brasil foram perfeitos e ganhar da Argentina será sempre uma glória, um diferencial. Sei que isso não muda a realidade social brasileira, mas vê a cara do Maradona daquele jeito, dá uma ar de felicidade... isso dá. rsrsrss.
Rico Chagas
Juca,
o que eu mais ri foi a cara de Maradona na foto.
Eu acho que voce nao curte jogar futebol porque, como voce mesmo descreveu, a gente cresceu no meio de intelectuais, artistas, empresarios, sei la, ninguem ali jogava futebol, ne nao? Eu adoro torcer e sofrer pela nossa seleção, mas nao deixo de associar o jogar futebol à pobreza que assola o Brasil.
beijo,
Milla
Grande Juca!!! Você está cada dia melhor, hein, cara!.. Seu texto tem se aperfeiçoado como nunca. Parabéns!!
PS: Aproveita e joga esta merda de camisa do "Preta e vermelha" fora! Como nunca é tarde para começar, se quiser, te dou de presente uma que representa a maior revelação da segundona brasileira....bom, agora já sabe qual é o meu "timaço", né?! rsrsrs
Hum...a vez Flamengo, sempre Flamengo! (Camisa de time 'ñ dah!!!, mas tem umas camisas estilizadas bem estilosas, afinal, ñ eh mah a combinação rubro-negra!)
(Meus times são o-s!!!, hauhauha-Ipatinga, Galo, Vitória e Flamengo, q conste!)
Sim, agora eu sou mt mais o Maradona -ñ como jogador- q o pedaaanteeee do Peleh. E acho uma copa com a Argentina mt mais charmosa e saborosa sem ela. Pq eh da América do sul, pq joga bem.
Mas se ganharmos dela, tanto melhor!
: )
Mais charmosa com q sem!
Ah sim, e se a seleção ñ se 'acontenta', ela se contenta?! (hauhauah...)
Puta merda, o Maradona É a Mafalda (do Quino).
Galvão é uma anta e essa babaquice de TER que ferrar a Argentina,
tipo GBueno "classificar o Brasil derrotando a Argentina tem um
sabor todo especial", é de dar enguio.
Tou pensando em escrever algo A FAVOR da pessoa do Maradona - embora,
também eu, não seja chegado às coisas do balípodo (!)
A vida do cara lembra a mim algo que meu querido amigo Eugenio Buery dizia:
- Todo mudo falo de quanto bebo, mas ninguém fala dos meus tombos.
Muita gente poode ficar p da vida, mas acho Maradona um extraordinário exemplo de
superação, no mínimo,de fortes tentativas para isso.
E sem essa que fez gol de mão e "a mão foi minha o gol foi de Deus."
Fodam-se. Fez o gol.
Das violentas e muito bem camufladas ou "não vistas' faltas
que o babaca do Pelé fazia, poucos falam, ou lembram ou, sequer, sabem.
Vou drumi.
Tchau
--
Dino Gracio
www.blogracio.com
Tô vendo que falar de futebol desperta mesmo essa paixão nacional... Estou aqui que não me acontento. huauhauhuha!
Quando você mora fora do Brasil, acaba confundindo línguas e palavras. Não vejo nada demais no "acontenta", se você tivesse morado aqui na Italia talvez usasse a palavra sem querer.
Abs
Barbara
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