Outro dia escrevi sobre a estagnação da criatividade e essa época careta e repressora em que vivemos, tinha lido algumas afirmações nesse sentido - especialmente de Gerald Thomas – e tentei racionalizar, talvez também incomodado por essa sensação de que não há nada de novo no front. Mas na quinta passada a Disney Pixar me pegou no contrapé, ou melhor, o filme “Up Altas Aventuras” mostrou que um novo mundo já chegou e que a arte cinematográfica da era digital, aliada à computação gráfica, conseguiram finalmente nos trazer alguma novidade.
Já de posse daqueles óculos de Clark Kent as imagens começaram a saltar da tela nas clássicas vinhetas do velho Disney, aquele castelinho que dizem ter sido baseado no de Ludwig o Rei “bicha louca” da Baviera dos tempos de Wagner.
Ainda nos trailers exibiram um curta chamado “Partly Cloudy”, simplesmente delicioso; mais engraçado até que o próprio longa que viria em seguida, e também utilizando a deslumbrante gama de recursos visuais da era 3D. Não tenho medo de afirmar sem exageros: amigos, só esse curta já vale o ingresso. É uma historinha de cegonhas e nuvens que fabricam bebês - que muitas gatinhas de cabelo azul considerariam “fofo”, - de deixar qualquer um deslumbrado com o resultado; tanto do roteiro, quanto dos efeitos visuais.
O prato principal da noite é a primeira investida da Disney na tecnologia 3D que, depois do que vi, estabelece um novo fazer cinematográfico e ninguém mais vai segurar. É um salto como o que foi do cinema mudo pro falado, do preto e branco pro colorido. A experiência de ir ver um filme nunca mais será a mesma, um novo tempo chegou. Foi a primeira vez que saí de uma sala de cinema com a sensação de ter me deparado com uma arte realmente nova. Logo no momento em que nos queixamos da estagnação, tomei um cala-boca. Não bastasse isso tudo, “Up – Altas Aventuras” ainda por cima é um filmásso.
Comparações se fizeram com a triste e curiosa sina do Padre Adelir Antonio de Carli, aquele mesmo que ficou famoso no ano passado ao tentar voar numa amarração de balões de soprar caseiros e desapareceu no dia 20 de abril de 2008. Seu corpo só seria encontrado por acaso, quase três meses depois de sumir (em 3 de julho), a 100 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, na altura de Maricá. Os produtores do filme negaram terem se inspirado nessa história, aliás, durante a participação no tradicional Festival de Canes – Up foi a primeira animação a abrir o Festival em toda sua história – disseram desconhecer o caso.
Detesto filme dublado, até cai no meu conceito quem tem preguiça de ler legendas, mas para desenhos e animações dá pra dar um desconto. O próprio “Os Incríveis”, outro golaço dessa turma da Pixar, é mais divertido de se ver em português do que no idioma gringo, sem falar que com as legendas perderíamos um pouco da visualização dos efeitos. O papel principal de “Up”, Carl Fredericksen - descrito por muitos como um velhinho ranzinza e eu acho que não é bem o caso, vai ficar velho pra ver aonde seu bom humor vai parar – foi dublado por Chico Anysio, um verdadeiro gênio dessa nossa nação ingrata, não poderiam ter escolhido melhor voz, entonação, noção de tempo e de comédia/emoção.
Não vou mais ficar contando muito do filme, porque a surpresa é o elemento mais importante na arte: quero apenas o recomendar. Até acredito que alguém vai dar um jeito de vender essa nova tecnologia 3D para dentro de nossas casas, mas ainda deve demorar um bocado e não vai sair barato. Enquanto o futuro não chega de verdade dá um pulo lá e confere com seus próprios olhos. Daqui a um tempo ninguém mais vai precisar viajar mil quilômetros para ficar cara a cara com sua banda preferida. Aliás, só pra terminar com um pensamento pessimista, porém real: já imaginou essa tecnologia voltada para os filmes pornográficos que desbunde - literalmente - não seria?
3 comentários:
Juca,
Assisti "UP" na sexta-feira (um dia após vc)... levando como sempre os meus dois filhos ( de 10 e 8 anos ) como escudo protetor contra pessoas que te olham e pensam: "O que esse gigante de 2 metros tá fazendo na fila de um filme infantil?" >>> pena que eles estão crescendo e em breve essa alternativa terá que ter uma nova solução... kkkkkkkkkk
Abração... e assino embaixo >>> é um puta desenho ( eo das nuvens realmente vale o ingresso caro pacaraio de R$ 23,00 e aquelas pipocas devem ser feitas com grãos de ouro kkkkkkkkkkkkkkkkk)
Flavio Salles
Pois é além de caro o Cinemark quase sempre dá algum problema, então dessa vez saí no lucro - e por isso nem comentei - só de tudo ter funcionado direitinho. Mas vc acredita que nem me encanei dessa coisa de idade? Quando ouvi falar que era o mesmo pessoal que fez "Os Incríveis" fiquei curioso pra assistir, achei esse último ducaralho também e não me decepcionei.
Ainda não li este texto, mas prometo que volto para ler. Hoje eu fiz um passeio pelo seu blog, fiquei algum tempo sem vir aqui e já vi que perdi muita coisa. Sorte minha é que posso voltar e ler. Enfim, acredito que locais como este deveriam ser mais frequentados. Logo, criarei um link indicando seu blog na minha pagina.
Abraços
Passa no Palavras ao Vento
Espero você
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